sábado, 6 de maio de 2017

Sono Eterno


Neste instante crítico, na magra hora
Da partida, sinto um vazio no crânio,
Horripilante tremor instantâneo,
Na fronte o beijo da negra senhora.

Impera a noite e não desperta a aurora,
Navego dentro de um caixão ebâneo,
Num curso gelado e subterrâneo
Rumo ao oceano placentário de outrora.

Invejo a sorte mesquinha de um cão
Roendo ossos na completa escuridão,
Vadio, macilento e com olhar terno.

Da barca sombria digo adeus ao mundo,
Saúdo a reciclagem do verme imundo,
Fecho os olhos e durmo o sono eterno.

(Luís R Santos 13/12/10)

https://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=8466


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