Neste instante crítico, na magra hora
Da partida, sinto um vazio no crânio,
Horripilante tremor instantâneo,
Na fronte o beijo da negra senhora.
Impera a noite e não desperta a aurora,
Navego dentro de um caixão ebâneo,
Num curso gelado e subterrâneo
Rumo ao oceano placentário de outrora.
Invejo a sorte mesquinha de um cão
Roendo ossos na completa escuridão,
Vadio, macilento e com olhar terno.
Da barca sombria digo adeus ao mundo,
Saúdo a reciclagem do verme imundo,
Fecho os olhos e durmo o sono eterno.
(Luís R Santos 13/12/10)
https://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=8466
composto em 2010, porém um perfeito epitáfio
ResponderExcluir