sábado, 6 de maio de 2017

Aquazulis

Aquazulis, ou Luis R. Santos, foi um poeta português que conheci no http://luso-poemas.net - um dos mais requintados ourives dos versos que tive o prazer de presenciar no ofício, pra ser exato.  Seus sonetos fluentes, cadenciados, do mais polido vocabulário especulando sobretudo sobre amor e a morte foram provavelmente a primeira vez em que notei que a poesia estava viva, caminhava ainda entre nós, não era mero nome nas páginas empoeiradas dalgum livro.  Ignorante como eu era na arte pelos idos de 2011, talvez pareça pouco elogio, talvez hoje perceba um pouco de irregularidade em sua métrica, mas mantenho em mente a impressão profunda que seus sonetos me causaram a partir de então - e métrica ou não, o lirismo e imaginário continua imbatível.  Eu secretamente aguardava cada novo soneto seu como um cão paciente aguarda o osso.

Sobre sua vida pessoal, muito pouco conheço e pouco me atrevo a comentar.  Pela foto do perfil, aparentava ser um senhor já acima dos 55.  Pelos comentários nas postagens, passava a impressão de ser bastante generoso, paciente, quase nunca perdendo a compostura, mesmo quando criticado. Eu mesmo dizia que seus elogios eram meio inúteis, já que elogiava desde as letras mais reles às mais esmera(l)das.  Mas se nem sempre o homem me impressionava, o poeta nunca o deixava de fazê-lo.  Gosto de pensar que tive com ele uma relação cordial de fã.  Sei que partilhávamos de um interesse comum em astronomia, em versos diversos revelados e mutuamente admirados.

Foi assíduo contribuinte do http://www.luso-poemas.net desde sempre e lá me cativou em 2011.  O que quer que tenha publicado antes ou algures, desconheço.  Numa entrevista em que muito pouco de pessoal revela, revela que começou a escrever em 2008 (algo que a mim e a outros espantou):

https://www.luso-poemas.net/modules/smartsection/item.php?itemid=3017

A mesma entrevista é reproduzida numa homenagem póstuma:

https://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=8449

onde conhecemos que nasceu no Estoril e falaceu aos 57 anos, em Cascais.  Tinha amor pela terra de sua mãe, o Alemtejo.

Lamentavelmente, não muitos meses antes de falecer no segundo semestre de 2016, algo ocorreu que o levou a migrar para o Recanto, mas não sem antes apagar seu perfil no Luso e a longa lista de jóias em forma de poemas e sonetos com que nos brindou.  Perder um grande poeta é triste, mas perder seus poemas é uma tragédia.

Plena era digital e pensamos que sites tem backup e que tudo sempre estará seguro e online.  Mas se o próprio usuário apaga, não há backup que dê jeito - e igualmente se o site fechar.  Enfim, a internet ficou mais pobre sem um de seus melhores contribuintes.  Tenho certeza porém, que pessoas mais diligente que eu guardaram um ou outro poema seu.



A OBRA

Visto que a maior (e eu diria melhor) parte da obra de aquazulis agora existe apenas como boas lembranças na memória dos que tiveram o privilégio de as lerem, sou obrigado a selecionar apenas o que ainda está disponível em seu perfil no http://www.recantodasletras.com.br/autores/aquazulis e espalhadas por alguns outros sites, inclusive o que dele sobrou em https://www.luso-poemas.net/modules/news03/index.php?storytopic=117

Sua obra tardia parece obcecada mais com a sensualidade do que com preocupações filosóficas acerca da morte e dos astros celestes que primeiro me cativaram a seus versos.  De fato, o poeta era bastante amado pelas fãs.  Na verdade, como o que as fãs mais guardaram dele são justamente os poemas de amor e sensualidade, uma grande parte da faceta do poeta parece ter se perdido, a do homem que admirava as estrelas, do desgostoso defunto vivo que passeava pétreo por paisagens funéreas.  Esta faceta - a que eu mais admirava - levou-a consigo para o túmulo pois ninguém parece ter guardado.  Ninguém gosta de pensar sobre a morte e um dos poetas que com mais naturalidade dela falou agora é só lenda.  Lenda que vou lendo...

postarei seus poemas sob a tag/marcador aquazulis

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